Um mundo maravilhoso, dentro de uma cabeça doentia.

Arquivo para fevereiro, 2013

Das minhas lágrimas cuido eu

A poucos dias de completar 25 anos, cá estou me surpreendendo e mudando de opinião de novo. Depois de escolher um lugar pra mim, fazer uma faculdade, trabalhar, me bancar, fazer amigos, criar rotina, achei que já estaria com conceitos, valores e opiniões bem definidos. Mas a vida tem dessas coisas e faz questão de te mostrar que está errada quando tem certeza de que está certa.

Eu nunca fui a pessoa mais equilibrada do mundo e quem me conhece desde criança poderia perceber isso. Para quem me conhece há alguns anos apenas, jamais vai compreender e vai insistir em dizer que sou isso, aquilo, aquilo e mais isso e que está tudo certo. Dou risada, pois é fácil me elogiar quando me conhece em uma ótima fase. A verdade é que sempre a minha roda-gigante passa pelo ponto baixo do percurso e ai, meu amigo, só me aguenta que é realmente parceiro.

roda gigante e lua

E a forma mais fácil de perceber quem é pau pra toda obra mesmo é detectar o julgamento. Aquele olhar de censura, aquela vontadezinha de dizer “que frescura”, aquela intolerância, ou aquele desprezo de “o seu questionamento não é nada perto de quem passa fome na África”. Uma coisa não invalida a outra. Não estou cagando para as guerras civis da Somália, mas também nem por isso passo por cima e ignoro com tranquilidade meus sentimentos. São meus. É comigo. Me pertencem. Cada um no seu canto, nas suas proporções, existindo e provocando suas consequências.

Não suporto gente que acha que não devo reclamar do trânsito só porque tem alguém que mora a 10 vezes mais quilômetros de distância que eu, ou quem acha que não posso reclamar do meu chefe porque tem alguém desempregado, ou reclamar que minha casa está bagunçada porque tem alguém sem ter onde morar. Eu não sou insensível. Insensível talvez sejam políticos, que podem mudar isso e nada fazem. Eu faço o que posso sempre, por mim e pelos outros, pelo mundo. Agora, por favor, me deixe lamentar um pouco. Deixe-me perceber e filtrar o me interior.

Deixe-me lamentar, por que é esse lamento que vai me fazer me mexer, que não vai me deixar acomodar, que vai me fazer tomar atitudes, buscar mudanças. A minha dor é a minha dor, e ainda assim, compadeço a dor dos outros. Não me faço de coitadinha. Aliás, coitadinho daquele que acha legal ter a dor maior. Ufa! A minha é pequena. Mas tá aqui. A dor, enquanto não for sua, jamais será explicada. Você consegue sentir por mim?

A poucos dias de completar 25, estou vendo tudo o que preciso e devo mudar. Sofro sozinha, grito sozinha, enlouqueço sozinha, mas me entendo sozinha. Não meta o dedo na minha cara. Das minhas lágrimas e das minhas decisões cuido eu. Está convidado para entrar, sentar e ficar comigo, o quanto tempo quisermos. Mas quem conhece a poeira debaixo do tapete será sempre o dono da casa.

As mudanças estão ali, estou vendo! Mas tem neblina no caminho.